13 de outubro de 2020
O cisto dos maxilares pode ser definido como uma cavidade patológica revestida por uma cápsula, de natureza conjuntivo epitelial, de conteúdo líquido ou semi - líquido, que ocorre no osso da maxila ou mandíbula causando-lhes perdas ósseas, proporcionais ao período de evolução da lesão. O aparecimento dos cistos pode provavelmente estar ligado aos restos epiteliais que permanecem neste complexo, durante o processo da formação dentária e ao longo das linhas de fusão dos ossos maxilares na embriogênese. O processo inflamatório crônico, de baixa intensidade e longa duração, parece ter um papel importante, na formação de cistos periodontais, de natureza inflamatória, que crescem a partir de granulomas apicais resultantes da mortificação pulpar e onde o tratamento endodôntico não foi realizado ou foi insuficiente. Este tipo de tumor ósseo benigno apesar de destruir o osso, geralmente é assintomático (não causa dor) sendo o diagnóstico realizado principalmente por radiografias e confirmadas com biópsia. O tratamento dos cistos do complexo maxilo-mandibular é exclusivamente cirúrgico e focado para a máxima preservação das estruturas ósseas e dentais, de feixes vásculo-nervosos e cavidades naturais. Três técnicas tem sido preconizadas para se obter o sucesso nesse tratamento: Enucleação - esta técnica preconiza a remoção total da cápsula cística e de seu conteúdo, visando a reparação por primeira intenção. Traz excelentes resultados, proporciona um pós-operatório rápido e confortável, criando condições para a reparação das perdas ocorridas nas estruturas ósseas e periodontais. Sua grande vantagem é ser um ato cirúrgico único e possibilitar que toda a lesão seja submetida a exame anátomo-patológico em cortes seriados. Preconizada com unanimidade pelos autores e pesquisadores, é indicada para cistos pequenos , que não ponham em risco estruturas nobres, como cavidades naturais (sinus e fossa nasal), estruturas ósseas, dentes com seus filetes pulpares e feixes vásculo- nervosos . Marsupialização - técnica preconizada por Partsch em l892, transforma o cisto em cavidade acessória à boca através da remoção de porções iguais de tecido gengival, tecido ósseo e da cápsula cística, visando a reparação por segunda intenção. Esta reparação óssea é possível pois ao se comunicar a cavidade cística com a boca, elimina-se a pressão interna, que é responsável pelo crescimento da lesão . Esta indicada para cistos grandes que ponham em risco estruturas nobres, como cavidades naturais (seio maxilar e fossa nasal), estruturas ósseas, dentes com seus filetes pulpares e feixes vásculo - nervosos. Técnica combinada - Trata-se da técnica da descompressão ou da marsupialização temporária, que pela remoção parcial da cápsula cística e conseqüente cessação da pressão interna, reduz consideravelmente o tamanho da lesão e num período relativamente curto nos permitira realizar a enucleação do remanescente. Bastante utilizada nos casos de grandes lesões, associa as duas técnicas anteriores, procurando minimizar os inconvenientes de cada uma delas, não mantendo o remanescente da cápsula cística, de integridade duvidosa, por um período longo e não agredindo os ossos do complexo maxilo- mandibular, com atos cirúrgicos que possam deixar seqüelas. Atualmente é possível tratar com sucesso cistos extensos dos maxilares. Como se trata de uma lesão “silenciosa” (sem sinais e sintomas) é importante o controle periódico com um dentista e caso haja suspeita ser avaliado por um especialista Cirurgião Buco-maxilo-facial. Referência bibliográfica: MOURA, F.E.C., ARAUJO, M. M., et. al. Cistos do complexo maxilo-mandibular In: Aspectos atuais da Cirurgia e traumatologia buco-maxilo-facial.1 ed.São Paulo : Livraria Santos Editora, 2007, p. 171-194.