As fraturas de maxila são classificadas de acordo com clássica discrição de René Le Fort (1910): em Le Fort I, que é uma fratura horizontal da maxila, do tipo Le Fort II, que é uma fratura piramidal envolvendo o terço médio da face e a do tipo Le Fort III, que é uma fratura que promove uma disjunção crânio-facial, ou seja, o complexo naso-etmóide-orbitário, os zigomas, e a maxila são separados da base do crânio.
A linha de fratura percorre bilateralmente as suturas zigomático-frontal, fronto-maxilar e naso-frontal, paredes laterais e assoalho de órbita, lâmina crivosa do etmóide e osso esfenóide.
As fraturas de maxila são geralmente causadas por um trauma horizontal, direto e intenso em uma parte superior da face. Essas fraturas sofrem pouca ação muscular.
SINAIS E SINTOMAS
Nas fraturas de maxila, de forma geral, observa-se mobilidade de maxila (fratura do tipo Le Fort I), edema facial (inchaço), muitas vezes alongamento da face, equimoses e edemas periorbitários bilaterais, telecanto traumático o que provoca alteração do aspecto dos olhos, devido a ruptura do ligamento cantal e envolvimento orbitário (fratura do tipo Le Fort II e III).
O paciente também pode apresentar equimose nasal, epistaxe (sangramento nasal), dor e sensibilidade na região, lacerações na mucosa jugal, respiração bucal, contatos prematuros na região posterior dos dentes (mordida errada), o que pode ocasionar uma mordida aberta anterior, além de um possível deslocamento da maxila por ação dos músculos pterigóideos.
Nos traumas de forte impacto e grande destruição é importante observar se existe a presença de uma secreção nasal (líquido encéfalo raquidiano), devido a fratura de base do crânio, deve ser questionado quanto a presença de sabor metálico e salgado na cavidade bucal. Em caso de suspeita o paciente deve ser encaminhado a um neurologista.
TRATAMENTO
O diagnóstico deve ser sempre através de um exame clínico e exames de tomografia computadorizada da face. A oclusão (encaixe dos dentes) deve ser sempre o guia inicial seguida da redução anatômica.
Por este motivo o bloqueio maxilo-mandibular (imobililazação trans-operatória), através da barra de Erich (arco de aço inoxidável que é posicionado nas arcadas dentárias através de fio de aço), é obrigatório durante a síntese óssea.
No passado, a síntese óssea com fio de aço associado a suspensões esqueléticas e BMM por 5 semanas era um método efetivo de tratamento. Hoje são utilizados placas e parafusos de titânio, mais maleáveis e menos rígidos (sistema 1.5 e 2.0 mm) do que as usadas na mandíbula. Os parafusos utilizados devem ser mono-corticais e de preferência auto-perfurantes e auto-rosqueantes. O material bio-degradável está bem indicado em pacientes em crescimento.
Na fratura do tipo Le Fort I são utilizadas 4 placas em “L” com 4 parafusos posicionados bilateralmente na abertura periforme e pilar zigomático. Nas fraturas do tipo Le Fort II muitas vezes os mesmos pontos de fixação são suficientes e caso seja necessário pode-se colocar 1 placa no rebordo infra-orbitário bilateralmente e no complexo nasal.
Já nas fraturas do tipo Le Fort III sugere-se a síntese óssea na sutura fronto-zigomatica e rebordo infra-orbitário bilateralmente e no complexo nasal, comumente com placas retas ou em forma de arco. O acesso cirúrgico para o tratamento da fratura do tipo Le Fort I e o intra-bucal expondo a maxila.
Nas fraturas do tipo Le Fort II e III o acesso à órbita pode ser realizado através de acesso sub-ciliar ou transconjuntival para exposição do rebordo infra-orbitário, acesso super-ciliar para exposição da sutura fronto-zigomática e o acesso coronal deve ser indicado sempre que necessário para exposição das áreas citadas e do processo nasal.
Atualmente é possível tratar estas fraturas de forma efetiva com um mínimo de déficit estético ou funcional e com rápido retorno as suas atividades normais.